Duarte conquista prémio internacional

A marca da designer Ana Duarte foi reconhecida com o Icon Award 2021 atribuído pela plataforma C.L.A.S.S. e irá agora trabalhar, durante um ano, com diferentes parceiros para comunicar os seus valores e ADN, que assentam numa grande atenção à sustentabilidade.

Na segunda edição do prémio atribuído pela C.L.A.S.S., iniciais de Creativity Lifestyle and Sustainable Synergy, em parceria com a IDEE Brand Platform, a Renoon, a White e a WSM, a «peculiaridade vibrante e uma atitude urbana inteligente» da Duarte garantiu-lhe a distinção internacional.

«A Duarte injeta sustentabilidade no streetwear com uma linguagem de estilo ousada, energética, positiva e fresca e valores de sustentabilidade novos. Corresponde perfeitamente à nossa visão quadridimensional da moda», afirma Giusy Bettoni, CEO e fundadora da C.L.A.S.S.. «Acreditamos que uma verdadeira moda de nova geração é uma mistura de estilo, inovação e responsabilidade, mas também exige uma comunicação adequada e boa, a quarta dimensão, para entregar mensagens positivas, autênticas e com valor aos consumidores. A Duarte consegue isso. É tempo de ultrapassar o greenwashing, é tempo de dar voz a designers brilhantes como a Ana», acrescenta.

Os elogios à marca e a Ana Duarte multiplicam-se entre os parceiros da C.L.A.S.S.. Dio Kurazawa, fundador da The Bear Scout e especialista em tendências de moda, salienta que além da sustentabilidade, o que mais o impressiona «é a sua capacidade de criar peças de vestuário que podem ficar lado a lado com as marcas produzidas de forma convencional e destacar-se. Acredito verdadeiramente que precisamos de mais marcas fantásticas que coloquem as pessoas e o planeta em primeiro, sem comprometer a estética».

Alex Albini, CEO da Idee Brand Platform comenta, por seu lado, que «tendo conhecido a Ana e as suas qualidades éticas e morais, compreendemos o quão importante é a sustentabilidade nas suas coleções: ela traz uma frescura e descontração ao streetwear juntamente com responsabilidade. A marca é caracterizada por um design inovador e fresco que cria um estilo de vida contemporâneo ligado a um streetwear sustentável enriquecido por estampados únicos, que resultam numa marca vanguardista que se destaca no mercado português e internacional».

 

Ana Duarte [©ModaLisboa/Ugo Camera]

Fundada há cerca de seis anos, a marca tem desfilado as suas propostas na passerelle da ModaLisboa. No início do ano, a Duarte tinha já sido uma das insígnias a beneficiar da parceria da ModaLisboa com a Idee Brand Platform e a sua Sustainable Brand Platform, que ajuda as marcas a avaliar a performance sustentável com recurso a tecnologia blockchain, tendo obtido uma avaliação de 5 em 6 pontos possíveis, conseguida graças a uma produção, tanto das matérias-primas como da confeção, realizada sobretudo em Portugal (95%), a diferentes certificações e aos objetivos delineados para o futuro, que inclui a utilização de mais tecidos reciclados e uma produção com zero resíduos.

 

Em relação a esta distinção, Ana Duarte acredita que «o C.L.A.S.S. Icon Award é muito mais do que um prémio, é um workshop aberto com profissionais influentes que vão apoiar a Duarte a chegar ao próximo nível e a ser capaz de partilhar a minha visão para a moda responsável».

Para além da mentoria e consultoria em diferentes áreas, o prémio inclui um apoio financeiro de 2.000 euros, dividido em dois cupões, para a aquisição de matérias-primas, e a presença, física e digital, na feira White, que está agendada para setembro.

Com volta de Balenciaga, alta-costura se impõe no streetwear

Os desfiles de alta-costura terminaram nesta quinta-feira em Paris, com 32 apresentações oficiais, algumas com plateia e outras apenas virtuais.

Com o retorno da Balenciaga ao seleto grupo de “Haute Couture”, expressão que só pode ser usada pelas grifes autorizadas pela federação oficial da alta-costura de Paris, parece que as marcas querem rejuvenescer e ouvir o que as ruas pedem.
Claro que os looks de tapetes vermelhos, feitos de forma exclusiva e com técnicas refinadas de costura e de bordados à mão, continuam lá. E não poderia ser diferente, porque é um dos requisitos necessários para que a marca possa desfilar na semana dedicada à alta-costura.

Mas t-shirts, jaquetas, jeans e até blusas de tricô, terninhos (masculinos, femininos e sem gênero) passearam pelas passarelas da alta-costura, nessa mudança tão necessária nos parâmetros da moda que os tempos atuais pedem. Peças essas também construídas com todas as técnicas de “couture”.

Look de alta-costura de Jean Paul Gaultier
Look de alta-costura de Jean Paul Gaultier

Foto: Reprodução/Instagram / Elas no Tapete Vermelho

E por que a volta de Balenciaga à alta-costura é realmente um divisor de águas na alta-costura? Porque o estilista Demma Gvasalia tem traçado os rumos da moda, traduzindo as aspirações das ruas, desde que lançou em 2014 a Vetements, com suas peças amplas e confortáveis, que se mantêm até hoje. Em 2015, assumiu a direção criativa da Balenciaga e, após 53 anos de ausência, foi o responsável pelo retorno da marca francesa à alta-costura.

Look alta-costura de Balenciaga
Look alta-costura de Balenciaga

Foto: Reprodução/Instagram / Elas no Tapete Vermelho

No final dos anos 1960, Cristóbal Balenciaga fechou seu ateliê na rua George V, pois não se adaptou às demandas do prêt-à-porter. Em meados dos anos 1980, a marca foi reaberta, mas a volta à “haute couture” aconteceu só nesta quarta-feira (7) no mesmo espaço fechado há cinco décadas. E ao contrário de seu fundador, Demma sabe como ninguém interpretar os novos tempos, sem perder a essência do criador espanhol: looks arquitetônicos, feitos com a maestria de um verdadeiro “couturier”.

Outras grifes também mostraram peças modernas, cheias de atitude e com apelo streetwear. Confira algumas delas

Balenciaga

Demma Gvasalia, 40 anos, é o responsável por empregar perfume jovem e atual aos looks de alta-costura da Balenciaga. Mas os internautas não se conformam e muitos indagam se realmente tais peças podem ser consideradas alta-costura. O tempo dirá. Só lembrando que em 2014, Karl Lagerfeld colocou tênis e pochete no desfile. Hoje, todo mundo usa até em eventos de tapete vermelho, como no último Oscar.

 

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8 tendências para a moda masculina

A moda está em mutação até mesmo para o vestuário para homem, que se tem mostrado tradicionalmente equilibrado ao longo dos anos. As criações de marcas como a Hermès, Louis Vuitton e Isabel Marant para o outono-inverno 2021/2022 ilustram a necessidade do escapismo e do conforto.

Embora não seja possível prever por completo as preferências dos consumidores do género masculino nesta altura atípica, são várias as tendências que se puderam observar no trabalho recente dos designers e que vão saltar à vista na próxima estação fria, adaptando-se ao próprio estilo e às necessidades dos homens.

Das cores ousadas a um novo twist das malhas, são muitas as novidades apresentadas nas passerelles, físicas e digitais, das casas de moda mais influentes, numa seleção feita pelo Sourcing Journal.

Vermelho escaldante

O poder de usar uma única cor forte como o vermelho chegou às criações dos designers de moda masculina, que decidiram pintar as mais recentes criações masculinas com esta tonalidade como habitualmente fazem para os modelos femininos. Não obstante, adotar um estilo monocromático está longe de ser monótono, uma vez que os coordenados totalmente deste tom foram abraçados por silhuetas distintas como nas criações de Han Kjobenhavn e Alyx. O vermelho deu também um toque retro às propostas de Isabel Marant.

 

Isabel Marant [©Isabel Marant]

Esta cor também marcou presença em peças mais clássicas como o casaco minimalista da HB Kong e as calças a combinar e ainda no fato da Lemaire que se adequa para o ambiente laboral. Casablanca e Valette, por sua vez, optaram por exibir fatos vermelhos com um toque revolucionário conseguido através de rendas e transparências.

 

Looks opulentos

Muito antes da série da Netflix “Bridgerton” ter sido um fenómeno e ter impulsionado a procura por artigos mais luxuosos e extravagantes, os designers já se tinham deixado inspirar por esta vibração mais trabalhada que leva a aristocracia a ser tendência no universo de moda masculino. Ainda que os floridos estejam em destaque nas coleções masculinas assim os pastéis e as pérolas, o outono-inverno 2021/2022 é decididamente romântico e sumptuoso, ultrapassando, deste modo, as barreiras de género.

 

Etro [©Etro]

A Etro enriqueceu a coleção com blazers de veludo e malhas a combinar e a Dior Homme deu enfâse às silhuetas militares e aos casacos de pele coloridos. A Takk apresentou uma camisa simples de gola alta e calças plissadas lavanda de perna larga. Estas formas mais exageradas ditam a opulência também na coleção de Angus Chiang, que recorreu igualmente ao brilho com sedas coloridas.

 

Algumas marcas libertaram-se das silhuetas tradicionais habitualmente vistas nos coordenados masculinos. Arturo Obegero apresentou um macacão de veludo sem alças, com detalhes volumosos e laços semelhantes aos dos embrulhos dos presentes.

 

David Catalán [©Portugal Fashion]

Brioni impressionou com um smoking dourado, em que Norbert Stumpfl, diretor de design da casa de moda, desvendou à Vogue como o ouro foi espalhado na seda a partir de uma tecnologia de ondas eletromagnéticas aplicada na etapa de fiação, resultando num tecido com aparência metálica.

 

Camisolas casuais

Para além de estar presente como uma necessidade na vida atual dos consumidores, o conforto chegou às passerelles sem deixar a elegância de lado. Children of the Discordance é a prova disso, assim como David Catalán, que optou por recorrer a tons mais naturais que complementam o segmento workwear inspirado no denim.

 

Vetements [©Vetements]

A Officine Generale revelou igualmente propostas de camisolas descontraídas, aliando o estilo casual também apto para ser usado no mundo do trabalho.

 

Mensagens de esperança

Depois da atipicidade de 2020 na sequência da pandemia, as mensagens transmitidas pelos criadores de moda nas passerelles foram de calma e esperança.

A Uniforme e Walter Van Beirendonck espalharam essa nova ordem de estado e até a Vetements apresentou t-shirts com o lema francês “Liberté, Égalité, Fraternité”.

Malhas aconchegantes

O uso de malhas para a estação fria não é novidade, mas criatividade com peças mais desconstruídas diferenciou as propostas dos designers. A gola larga da Uniforme e a sweater da Hermès incorporaram malhas caneladas de uma nova forma que homenageou o final dos anos 90 e o início dos anos 2000.

 

Hermès [©Hermès]

A Kolor apostou em cardigans com bainhas irregulares e sweaters desconstruídas com uma aparência clássica. Já Louis Vuitton e a Etude deram uma nova vida às técnicas de tricotagem, enquanto a Alanui e Greg Lauren privilegiaram malhas mais tradicionais.

 

Escape rural

O escapismo tornou-se mais apreciado principalmente por faixas etárias como a geração Y, que alimentou o gosto por práticas ancestrais durante a pandemia, como por exemplo o fabrico de pão. A vida bucólica tornou-se apelativa, convertendo em tendência uma estética mais clássica e rural.

 

Tod’s [©Tod’s]

O escapismo foi amplamente explorado nas coleções masculinas através de conjugações de tons terra como o verde e o bege. Neste âmbito, a Tod’s foi uma das marcas que apostou em casacos com bolsos grandes, mas, sobretudo, funcionais, perante a nova realidade.

 

Junya Watanabe também apostou em vestuário adequado para o campo, porém vestível no dia a dia. A Carhartt, por seu lado, renovou o tradicional casaco da marca para um estilo mais cómodo.

Minimalismo futuro

 

Fendi [©Fendi]

A moda masculina tem vindo a antecipar a tendência do minimalismo que, nas atuais circunstâncias, ficou mais acentuada. Por isso, as marcas decidiram realçar os modelos lisos com um toque futurista e sofisticado, como as gabardines e blusões da Fendi ou ainda o casaco manto da Vetements.

 

De igual forma, a Takk exibe coordenados que navegam nesta onda, com bolsos e fechos minimalistas.

Aventuras urbanas

São várias as marcas que aliam o streetwear a uma vertente mais aventureira, subjacente às atividades ao ar livre. Os casacos puffer coloridos para homem abundaram nas passerelles de Milão e Paris, com formas exageradas e um ar divertido e funcional.

 

Mihara Yasuhiro [©Mihara Yasuhiro]

A Maison Mihara Yasuhiro retratou isso mesmo nos seus coordenados e a Loewe transferiu o espírito de aventura para acessórios como chapéus, lenços, meias e bolsas.

 

Fonte: PortugalTextil.com

A irreconhecível Burberry e o rapper que veio do Texas: destaques da Semana da Moda de Paris

Vieram de longe e continuam a dar cartas ao leme de três poderosas marcas europeias. No final de mais uma semana da moda masculina, em Paris, destacamos os desfiles da Burberry, Louis Vuitton e Dior.

Numa nova ronda pelas propostas de moda masculina para o verão de 2022, Paris voltou a ser o culminar do calendário internacional. Durante seis dias, casas históricas como Christian Dior, Birberry, Hermès e Louis Vuitton desfilaram ao lado de criadores já consolidados — Isabel Marant, Dries Van Noten ou Thom Browne. No alinhamento de apresentações, que chegou ao fim no último domingo, houve espaço para a moda portuguesa. Ernest W. Baker, a marca de Reid Baker e Inês Amorim, voltou a picar o ponto em Paris e a chamar as atenções da imprensa internacional.

Destaque para os criativos ao leme dos grandes impérios de moda. De contextos tão diversos como Itália ou Estados Unidos, impõem a sua própria linguagem enquanto diretores criativos dão um cunho pessoal ao ADN de marcas há décadas implementadas no mercado. Acontece com a Burberry de Tisci, com a Vuitton de Virgil Abloh e com a Dior do britânico Kim Jones, que desta vez contou com um célebre braço direito, o rapper Travis Scott.

Burberry

Há três anos que Riccardo Tisci parece estar a dosear aqueles que são os seus traços e o seu estilo particular numa matriz repleta de história e elementos bandeira. Com uma herança que se entende por mais de um século e meio, a Burberry tem visto a sua silhueta, bem como os seus grande clássicos, reatualizada à luz das referências estéticas do criador italiano. Mas Tisci, que antes de aterrar na marca britânica deixou uma marca indelével na história da Givenchy, nunca tinha deixado que a sua própria linguagem falasse tão alto como na coleção apresentada na última semana. Com um deserto árido como cenário, o criador começou por propor desconstruções de peças tão emblemáticas como o trench e o carcoat, para depois de descolar quase por completo das referências do pronto-a-vestir britânico e mergulhar num registo mais underground e minimal, misturando influências do streetwear e do workwear.

Louis Vuitton

Já a marca deixada por Virgil Abloh na linha masculina da Louis Vuitton parece ser cada vez mais vincada. Nos últimos três anos, o norte-americano não adicionou apenas novas cores ao pronto-a-vestir desta maison centenária — existe hoje um novo léxico, onde a diversidade cultural e a inclusão de estéticas e subculturas foram substituindo uma silhueta enraizada na alfaiataria clássica. Tie-dye, motivos florais, color block, saias volumosas, tons néon e uma mescla de sportswear e streetwear. Um desfile que Abloh complementou com um curta-metragem de 16 minutos realizada por Mahfuz Sultan e onde voltou a cruzar as referências mais improváveis — do soul e do funk do final dos anos 60 ao kendo, uma arte marcial japonesa.

Christian Dior

Para a Dior de Kim Jones (outro forasteiro em Paris, desta vez vindo do Reino Unido), a última sexta-feira foi especial. Não só o criador conseguiu organizar o seu primeiro desfile com público desde que a pandemia despontou na Europa, como uniu esforços com Travis Scott para antecipar a próxima estação quente. O resultado foi um cruzamento dos arquivos Dior, aos quais o rapperde 29 anos acedeu no âmbito deste trabalho a quatro mãos, com uma inspiração claramente americana trazida para a equação por alguém que nasceu e cresceu em Houston, no Texas. O imaginário contaminou a coleção de Jones, a começar pela paleta, onde se destacaram os verdes e os rosas, numa base composta por tons terra, referência inequívoca à paisagem daquela região. A colaboração foi além da roupa. Camisas pintadas à mão pelo artista George Condo vão ser leiloadas para financiar um novo programa de bolsas criado por Travis Scott, com o objetivo de proporcionar a jovens estudantes nos Estados Unidos o acesso a formação na Parsons School of Design, em Nova Iorque.

Fonte: Observador.pt

Streetwear contraria apocalipse

O streetwear, o estilo que veio para ficar e explodiu com a pandemia, deixará marcas em 2021, numa versão atualizada, que pode ser descrita como mais sustentável, neutra e inclusiva. A moda urbana, em transformação, será também mais desportiva, funcional e, sobretudo, diferenciadora.

Ao contrário do que o próprio nome indica, em 2020, o streetwear não foi usado nas ruas, mas sim em casa, onde a situação de pandemia obrigou a passar mais tempo. Este segmento, contudo, continua a roubar a atenção dos consumidores, dando resultados notórios para as empresas como é o caso da VF Corporation, que arrecadou 2,1 mil milhões de dólares (1,7 mil milhões de euros) ao adicionar a marca americana Supreme à lista de opções para a geração Z.

Apesar disso e da popularidade do streetwear, as tendências que funcionaram em 2020 podem não estar certas para este novo ano e, por isso, a Edited, plataforma inteligente do mercado de retalho, explica, num relatório, a evolução deste segmento para 2021, divulga o Sourcing Journal.

Sendo uma categoria eternamente jovem que muda consoante os gostos e interesses de cada geração, o streetwear está preparado para uma transformação sustentável que reflita a consciência dos hábitos e valores de compra dos consumidores que a geração Z possui e que se verifica também nos grupos de faixas etárias anteriores.

Além disso, a sustentabilidade é uma das temáticas mais abordadas pela indústria e, por essa razão, não deverá ser mais um aspeto negligenciado pelo streetwear. No entanto, a mudança neste segmento, segundo a Edited, concentrar-se-á no «ambientalismo intersectorial», «uma versão inclusiva do ambientalismo que reivindica tanto a proteção das pessoas como do planeta». Esta vertente do ambientalismo, expõe ainda como é que as pessoas de cor são nocivamente afetadas pela produção irresponsável de vestuário.

Com a introdução do fast fashion que despertou o desejo de comprar mais e com maior frequência, a Edited aponta o streetwear como um dos responsáveis pela procura «fanática» com base nas tendências a curto prazo, nas colaborações e nos lançamentos. Juntamente com incorporação de materiais mais sustentáveis nas coleções deste segmento, 2021 será sinónimo de repensar os ciclos de lançamentos semanais das marcas de modo a desencorajar o consumo e evitar a sobreprodução.

Ao adotarem esta abordagem, as marcas vão influenciar as gerações mais novas como forma de incentivo à ação, pressupõe a Edited.

Detalhes e texturas

Na essência, o streetwear é um estilo de moda para pessoas que se movem contra a maré, mas não deixa de estar presente em muitos outros de forma mais abrangente.

A procura por leisurewear tornou-se numa prioridade para os consumidores que, com o aparecimento do Covid-19, começaram a optar por sweaters, t-shirts e vestuário com fitting mais largo, proveniente do streetwear. Tecidos táteis como a sherpa, veludo, fleece e shearling serão o aconchego para 2021, na perspetiva da Edited. O denim e a poliamida vão ser, de resto, os elementos diferenciadores do streetwear para o próximo ano.

 

Associado a este segmento estará também o desporto. «As influências do rugby, do futebol e do baseball são fortes nas coleções de streetwear e nos posts do Instagram», afirma a Edited, acrescentando que as retalhistas devem melhorar os enredos de merchandising com apontamentos desportivos nas peças em vez de artigos básicos.

Apesar de algumas previsões de moda terem feito referência a «tendências apocalíticas» para 2021, dada toda a situação de crise pandémica, o relatório da Edited antevê que o streetwear vai começar a implementar detalhes funcionais no vestuário em prol da aventura. «As vibes utilitárias estão no centro desta tendência graças principalmente à natureza funcional», explica a plataforma, que antecipa que as calças cargo, as camisas estampadas de manga curta e os chapéus balde regressem na estação quente com tecidos mais soltos e leves.

Atualizações ideais

Leais às marcas, os consumidores de streetwear juraram fidelidade a uma vasta gama de peças de vestuário que é agora essencial no guarda-roupa. Muitos desses artigos deverão sofrer uma atualização em 2021 que espelha a crescente procura pelos tons neutros e pela moda de longa duração.

Ainda na vertente utilitária, o shacket, a camisa-casaco que revelou ser um grande sucesso em 2020, surge agora em tons neutros e azeitona. «O conforto deve estar na frente e no centro ao conceber atualizações e a adição de fivelas, bolsos no peito e alças devem ter tanto de moda como de funcionais», sugere a plataforma.

A tendência dos logótipos diminuiu, mas o interesse em vestuário desportivo com a marca visível ainda subsiste. Prova disso é a camisola de gola alta da Fear of God, que deverá ainda lançar uma camisola de gola redonda, um casaco de gola alta e ainda ténis com os logótipos correspondentes, desvenda a Edited.

 

Os casacos colegiais continuam a ser um ponto obrigatório neste estilo e as próximas tendências ditam inclusão e cores neutras para este clássico, que poderá ser mais apelativo com detalhes em couro.

Também em tons pastéis estão de volta os cardigans que, por serem em malha, constituem a «alternativa ideal» para a transição da vida doméstica à vida em sociedade.

 

Fonte: portugaltextil.com

Decoração, calçado português e moda à beira-mar: seis novas lojas para preparar o verão

Da perfumaria de luxo ao calçado nacional, passando pela decoração, pela moda estival, há seis novas lojas para conhecer em Lisboa (e arredores).

1. JAK

Rua Nova da Trindade, 4 A, Lisboa. 21 053 3663. De segunda-feira a domingo, das 10h às 19h.

Em 2014, o conceito de slow fashion estava a começar a propagar-se e urgência de um consumo mais consciente começava a espreitar no horizonte. Em Lisboa, nascia a JAK, com ténis de design minimal que piscavam subtilmente o olho às tendências que marcariam os anos seguintes. Chegada a 2021, e já depois de um ponto de venda próprio no Porto, a marca portuguesa decidiu abrir a sua primeira loja de rua na capital. O espaço, em pleno Chiado, veste-se agora com a mesmo pele e nas mesmas cores de que são feitos os JAK, que além de depuradas são também unissexo.

2. Antik Batik

Posto 9, Praia do Rei, Costa da Caparica. De segunda-feira a domingo, das 12h30 às 18h30

O areal da Costa da Caparica foi o cenário escolhido pela francesa Antik Batik para uma temporada à beira-mar. Até ao final de junho, o complexo do restaurante Posto 9 recebe uma loja temporária, onde as propostas de moda estão alinhadas com o espírito veraneante daquelas paragens. Vestidos longos e leves e padrões étnicos inspirados noutras latitudes fazem parte do estilo já definido por esta marca fundada há quase 30 anos. A coleção deste verão traz bordados florais e elementos resgatados dos anos 50.

3. Xerjoff

Rua Rodrigues Sampaio, 132 B, Lisboa. 91 961 5892. De segunda-feira a sábado, das 10h30 às 19h

De Turim para Lisboa, os luxuosos quarteirões que rodeiam a Avenida da Liberdade ganharam um novo inquilino. Xerjoff, marca italiana de perfumes de autor, criada em 2004 por Sergio Momo, aterrou com as suas fragrâncias pelas mãos do empresário Ricardo Cláudino. Depois de Londres, Dubai e Moscovo, a capital portuguesa é mais um poiso, além da lojas multimarca que atualmente comercializam estes perfumes nos cinco continentes. Best-sellerscomo Erba Pura, Naxos e Opera estão à venda na nova boutique. Em breve, haverá uma nova fórmula, especialmente criada para Lisboa.

4. Mariano Shoes

Rua Castilho, 67 B, Lisboa. 91 500 0663. De segunda a sábado, das 10h às 19h30

O nome pode não ser o mais sonante aos ouvidos dos portugueses, mas traz consigo mais de 70 anos de história e agora também uma loja em Lisboa. Feitos à mão na histórica oficina de São João da Madeira, os sapatos Mariano Shoes seguem os preceitos e as linhas da sapataria masculina clássica, além de convocarem os artesãos mais experientes para a sua confeção. O negócio já vai na quarta geração e quer agora dar-se a conhecer ao grande público, mas também diversificar a oferta. Em outubro do ano passado, foi lançada a primeira coleção de calçado feminina, fortemente inspirada nos modelos mais tradicionais produzidos desde 1945.

5. New Era

Centro Comercial Colombo, piso 2, Lisboa. 91 239 6054. De segunda a sexta-feira, das 10h às 21h, e sábado e domingo, das 10h às 19h

Há muito que estes bonés fazem parte do streetwear português, mas agora têm uma loja própria. A New Era escolheu o Centro Comercial Colombo para abrir a primeira loja em Portugal e se acha que a marca se esgota em meia dúzia de modelos, desengane-se. Além das coleções sazonais, existem peças licenciadas de algumas das principais ligas desportivas norte-americanas. Com 101 anos de história, a New Era cresceu e expandiu-se também para o vestuário, bem como para outros acessórios, que agora ganharam uma montra própria.

6. Kinda Home

Avenida António Augusto de Aguiar, 163 B, Lisboa. De segunda a sexta-feira, das 10h às 20h, e sábado, das 10h às 19h

Depois do Porto e do Oeiras Parque, a rede de lojas de decoração cresce e inaugura um novo capítulo na história da marca em Portugal: o das boutiques de menor dimensão. De portas abertas desde o final de abril, a nova loja da Kinda Home fica a dois passos do El Corte Inglés e ocupa o espaço da antiga Garagem Glória. Lá dentro, encontram-se as diferentes linhas mobiliário e decoração, distribuídas por quase 500 metros quadrados e agora mais perto do que nunca do centro de Lisboa.

 

Fonte: Observador.pt

Béhen, de Joana Duarte, transforma enxovais em moda

100% digital, mas tão atento a novos nomes como sempre, o evento mostrou o trabalho de uma designer de moda que abriu as arcas da avó e descobriu o seu caminho.

Béhen significa irmã em hindi, é uma marca portuguesa que se apresentou na ModaLisboa e nunca esteve nos planos da sua criadora. Joana Duarte, a designer de moda nos bastidores do projeto acreditava que o futuro estaria numa casa de moda internacional depois do mestrado em Londres. Mas uma viagem à Índia, as recordações de infância e uma colcha adamascada que virou casaco mudaram a história.

Na coleção, explica a autora, “foco-me muito no enxoval, todas as minhas peças são feitas com tecidos antigos”, explica. Pegue-se num dos looks – calças e casaco estampados debruado com pelo amarelo – que apresentou na ModaLisboa e Joana conta a sua história: “É uma colcha, tipo tapeçaria, de veludo, que foi reaproveitada. O pelo amarelo vem de um casaco em segunda mão que comprei online.”

A história da Béhen começa com a avó de Joana, com quem ela sempre se habituou a visitar feiras de antiguidades, procurar tecidos, botões e etc. “Aprendi com ela como se via se o linho era de boa qualidade”. Essa experiência era apenas memória até que o mestrado em Londres (após a licenciatura em moda em Portugal) a fez perceber que o seu trabalho teria de envolver a palavra sustentável. “Tive uma crise existencial em que estava contra ser designer de moda quando já havia tantos, estava pronta para ir para outra área”, conta. “Fui a uma feira com a minha mãe e avó e vi uma colcha de um tecido adamascado muito bonito e pensei que podia fazer alguma coisa, sem poluir o planeta e sem usar tecidos novos”. Fez um casaco. E numa viagem à Índia apareceu a resposta que (ainda) faltava.

“Na Índia aprendi sobre saris que passam de geração em geração. Lembrei-me que tinha o mesmo em casa, lembrava-me das arcas”, diz, e continua: “Foi pegar no que estava nas arcas e transformar em peças”. Nasceu a Béhen: “É a minha história e a de muitas mulheres”.

Joana Duarte, 25 anos, oriunda de Santarém, foi uma das designers de moda que abriu esta quinta-feira mais uma edição da ModaLisboa, a 56.ª dos seus 30 anos de vida e a Béhen é “uma marca criada na pandemia”. Joana Duarte di-lo a rir, como que antecipando a pergunta que se segue: por que razão lançou alguma coisa no momento mais difícil? “É um desafio ainda maior conseguir que o projeto ande para a frente”.

Béhen só usa o que já existe. “Tenho de trabalhar com o que existe, mas também vou aprendendo sobre o que vai aparecer, agora estamos na época disto ou daquilo”, refere. Joana Duarte continua a frequentar feiras e, em tempo de confinamento, online. “Vem de França, de Inglaterra, chegam-me sugestões por whatsapp, são centenas de contactos, mandam-me fotos e passam a palavra. Ainda ontem estive a ver fotos de um enxoval”, conta.

O projeto é sustentável por conceito e, no âmbito de uma parceria com a Fundação Aga Khan, envolve mulheres do mundo inteiro que trazem as suas competências – costura e bordado, por exemplo. Pode não ficar por aqui. “Aprendi a não nos deixarmos apaixonar pelo projeto, mas pelo conceito. A minha paixão pela sustentabilidade e envolver mulheres do mundo inteiro”, diz. “A Béhen é uma semente dos valores que quero trabalhar”.

É a terceira vez que Joana Duarte mostra o que vale na ModaLisboa. “A primeira vez foi em março de 2020, uma workstation com seis looks, “uma semana antes de nos mandarem para casa”, a segunda em outubro com muito pouco público e agora em abril, só online”. “Nunca fiz a mesma coisa duas vezes”, nota. “Nunca tive a experiência da sala cheia, aquele frufru social”, acrescenta.

O programa continua esta sexta-feira, sábado e domingo, sempre online no site da ModaLisboa.

 

Fonte: DN.pt

Poderá a moda protetora ser a nova tendência?

Medidas de proteção e estilo são dois conceitos compatíveis neste desconfinamento

Prevenção, distanciamento, segurança — palavras que se tornaram parte do nosso léxico quotidiano e do dicionário pandémico que já todos interiorizámos, pelas piores razões. O conceito de proteção individual é agora preocupação de toda uma sociedade que se esforça por atenuar o peso dos novos hábitos. Na moda, a missão também se faz cumprir, tendo como manifestação mais óbvia as máscaras de proteção, pensadas para combinar com os looks de cada temporada e que agora desfilam nas passarelas como qualquer outro acessório.

Mas as marcas foram ainda mais longe ao integrarem a ideia de segurança noutras peças de roupa através de designs inovadores que recorrem aos materiais (luxuosos ou ultratecnológicos) e às aplicações (bordados ou acrescentos) para nos proporcionarem uma certa paz de espírito. O que vestimos contribui de maneira significativa para nos sentirmos confortáveis e protegidos das ameaças exteriores, mesmo quando a proteção é apenas figurativa e conceptual.

 

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As 12 Maiores Tendências de Primavera/Verão 2021

Poderia ser perdoado por pensar que as coleções de primavera/verão de 2021 – e a subsequente jangada de tendências de primavera/verão de 2021

eram uma espécie de lula húmida. Certamente, graças à pandemia em curso, foi uma temporada como nenhuma outra.

Das quatro capitais da moda, Nova York e Londres optaram por vitrines predominantemente digitais, com o designer estranho hospedando apresentações seguras para o Covid para um pequeno número de imprensa e compradores; enquanto Milão e Paris realizaram exibições reduzidas com medidas rigorosas de distanciamento social em vigor de algumas das suas maiores marcas. Outros ainda optaram por tentar algo diferente. “Diferente” se manifestou de várias maneiras como: exibição fora do cronograma, exibição via filme e em realidade virtual, ou envio de um substituto para uma experiência de passarela para a imprensa e os compradores numa caixa. Todos desfrutaram de diferentes graus de sucesso.

Quanto às maiores tendências de primavera/verão de 2021? A nova rotina de trabalho fora de casa certamente influenciou o que os designers acabaram. De que outra forma explicar o clima para sutiãs e fio dental midriff? (Cuidado: ambas as tendências exigem um regime de treino em casa bastante militante e/ou níveis flutuantes de autoconfiança.) Longe do impulso da roupa íntima como roupa exterior, veio o conforto: calças de perna larga feitas para passadas ousadas; vestidos comprometidos e puros prometeram glamour fácil; e conjuntos femininos cafetões com um toque de roupas desportivas pareciam adequadamente modernas (Pense em saias plissados elegantes com moletons, como visto na Prada, vestidos de chá com bala clavas, como visto na Celine, e saias lápis com jaquetas bombardeiro, como visto na Max Mara).

Depois, houve um renovado senso de desenvoltura: muitos designers optaram pela reciclagem através de tecidos mortos e retalhos astutos para segurar um espelho até a sociedade 2020, questionando as suas maneiras consumistas. E para aqueles que buscam uma abordagem mais direta da moda, havia preto e branco. Na maioria das vezes, juntos.

Se é um dos milhões que procuram um aumento de humor garantido? Sempre haverá lantejoulas – e os designers estavam determinados a equipar clientes trancados com aparências que farão uma discoteca da sala de estar parecer animada. Sim, superou videoconferência e notas de voz. Quer sair com esses vestidos frívolos de tecido Bottega Veneta, balançando aquelas deliciosas micro bolsas amarradas em corrente da passarela Chanel e trotando pela rua naquelas fabulosas mulas de contas Miu Miu. Chegará o momento em que poderá usar um vestido dramático com detalhes da capa e não se sentir como um figurante numa produção de am-dram baseada em Zoom. Mas, por enquanto, há listras alegres, recortes inteligentes e espartilho sexy para mantê-lo divertido. Hora de brincar de se vestir com as tendências de primavera/verão de 2021. Tem tempo.

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Magia monocromática

Num mundo sem respostas simples ou mesmo perguntas diretas, os designers mostraram predileção pelo preto e branco – na maioria das vezes, juntos. Na Dolce & Gabbana, os vestidos de manta de retalhos de tabuleiro de xadrez utilizavam rolos de tecido de coleções anteriores, enquanto na Chanel, camadas nítidas semáforo um novo clima de contenção. Enquanto isso, no Ports 1961 e Gabriela Hearst, vestidos preto e branco pareciam exatamente a categoria de roupa de noite elegante e descomplicada que sempre desejávamos.

 

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Chanel

© Pascal Le Segretain

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Gabriela Hearst

© Foto: Alessandro Lucioni / Gorunway.com

 

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DSquared2

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Maison Margiela

 

 

Fonte: Vogue.com.uk